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quarta-feira, agosto 30, 2006

Faleceu o escritor Naguib Mahfouz, Prémio Nobel de Literatura em 1988

O único escritor de língua árabe premiado com o Nobel da Literatura, em 1988, Naguib Mahfouz, que morreu hoje, aos 94 anos, era considerado pela crítica o maior cronista do Egipto da actualidade.

O mais novo de sete filhos de um funcionário público, Naguib Mahfouz, nascido a 11 de Dezembro de 1911, casado e pai de duas filhas, adquiriu um profundo conhecimento da literatura medieval e arábica durante o bacharelato.

Quando frequentava a Universidade Rei Faruk I (a actual Universidade do Cairo), onde estudou Filosofia, começou a escrever artigos para revistas especializadas, como Al-Mayal, Al-Yadid e Ar- Risala, vindo a tornar-se escritor profissional.

Em Portugal, o escritor egípcio é publicado pela Editorial Caminho.

No final da década de 80, o líder islâmico radical Omar Abdel Rahman, actualmente na prisão pelo atentado às Torres Gémeas de Nova Iorque em 1993, condenou-o à morte pelo seu mais famoso romance, "Children of Gebelaawi (Filhos do Nosso Bairro)".

Mahfouz foi, além disso, alvo de vários atentados. Em 1994, foi apunhalado no pescoço por um fundamentalista e dois anos mais tarde foi classificado como "herege" e sentenciado à morte por grupos islâmicos radicais.
Desde então, permaneceu praticamente em reclusão domiciliária, com saídas esporádicas e controladas pela polícia.

Em 1988, a Academia Sueca galardoou-o com o Prémio Nobel da Literatura, por "ter elaborado uma arte novelística árabe com validade universal". Conta ainda, entre outros, com o Prémio da Academia da Língua Árabe e o Prémio Egípcio da Literatura.

Há três anos, foi hospitalizado depois de sofrer uma repentina crise cardíaca. A sua saúde começou a deteriorar-se em 1994, após o esfaqueamento, que lhe causou graves danos na visão e audição, bem como uma paralisia do braço direito.

Desde o passado 18 de Julho, encontrava-se internado no Hospital da Polícia de Al Aguza, no Cairo.