"Uma monarquia sem monárquicos"
Foi o rei D. Carlos que terá afirmado o que escrevo como título deste post, a propósito do facto de Portugal ser uma "monarquia sem monárquicos".
Este é talvez o mais importante facto relativo à monarquia portuguesa: era uma monarquia de republicanos, no sentido em que quase toda a gente, mesmo entre os líderes dos partidos do Governo, achava a "república", no sentido ideal definido por Antero de Quental, um regime superior à monarquia.
Se se contentavam com a monarquia, era apenas porque se presumia que o povo português não estivesse preparado para se governar a si próprio. A realeza era, assim, apenas um contrapeso ordeiro à soberania popular. A função do rei seria meramente interina, até o país estar apto a tornar-se numa república, uma força conservadora cujo papel se reduzia a manter um passado, à espera de um eventual futuro.
Com o advento da I República, em 5 de Outubro de 1910, abriu-se uma nova janela para o destino português. Tantas contradições, tantos desgovernos, tanta maldição democrática ao longo de décadas, "carregaram" o país até ao momento presente. Pelo meio também tivemos um republicano que, se calhar, gostava de ter sido rei: Mário Soares.
Enfim, já tivemos de tudo um pouco. Mas recordar a data continua a ser um dever de todos aqueles que acreditam no poder da soberania popular, expresso em eleições e num regime parlamentar, que para o bem e para o mal, é o menos ruim de todos os regimes conhecidos.
Doutro modo, talvez não pudesse estar aqui a escrever isto... Viva a República!
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