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quarta-feira, agosto 16, 2006

Ainda a guerra de Israel contra o Hezzbolah

Ainda a propósito da guerra de Israel contra o Líbano, estão em curso negociações intensas para se formar a força de 15 mil capacetes azuis para se deslocarem para o Líbano. A resolução da ONU, que foi acordada, não garante, no meu ponto de vista, o essencial: o desarmamento total (e consequente desmantelamento) do Hezzbolah. É um documento bastante ingénuo que visa deixar, certamente, tudo na mesma.

Por outro lado, considero que a dimensão que se quer dar ao Líbano é desproporcionada em relação à sua real valia, pois este minúsculo país - uma língua de terreno com uma área equivalente a metade do nosso Algarve! - é apenas um dos muitos países "ficcionados" após algumas criações surgidas no pós-I Guerra Mundial... O Líbano não existe!

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Resposta a Esther Mucznik
Isabel do Carmo


O Hezbollah é um partido organizado, tem deputados eleitos e foi a forma daquela população se organizar. Tem escolas, hospitais, assistência social. Não é uma organização terrorista

Esther Mucznik diz no seu artigo "A compaixão como instrumento do ódio" no Público de 4 de Agosto de 2006 que: "Como dizia Gobbels, uma mentira muitas vezes repetida acaba por se tornar credível. Que o diga Isabel do Carmo que, em absoluta sintonia com a contra-informação árabe, afirma que "Israel nunca esteve em sítio nenhum ou esteve vagamente há 2000 anos"".
Sinto-me no direito de responder, mas também é uma boa oportunidade para falar do que é ser judeu e do que é Israel. De facto, Israel esteve por ali "vagamente há 2000 anos", e não no território do Estado de Israel actual. Ou antes disso, no tempo em que foi registado o Antigo Testamento, a população que se designa de judia fazia parte dum puzzle de povos, um caldeirão onde havia nómadas e agricultores, com migrações, alianças, cruzamentos. Esse povo acabou por se estabelecer nos reinos de Judá e de Israel, onde é hoje a Cisjordânia, sem acesso ao mar. Houve a ocupação romana, houve invasões. E o caldeirão de povos ficou, distribuindo-se de acordo com movimentações de poder e arranjos tribais. E assim aconteceu durante 2000 anos. Ficaram na região populações dos reinos de fé judaica, populações descendentes directas dos primeiros cristãos, grupos vários que se NR converter à fé islâmica e até bem mais para trás descendentes fenícios (não esqueçamos que Tiro, a bombardeada, é fenícia) e do que se pensa ser a origem dos etruscos. No meio disso tudo vamos acreditar na fábula da "Terra prometida" e no "povo eleito"? Para povo eleito já nos bastavam os outros, "os arianos".
Outra pergunta a fazer é o que é que têm os judeus da Europa a ver com isso? É incorrecto falar de raças humanas, mas mesmo de acordo com esse conceito ultrapassado, não há "raça judia". Raça judia só houve para os nazis, Não há narizes, nem crânios típicos dos judeus, são análises grosseiras e superficiais. Há grupos como os Askenazis que de tanto praticarem endogamia (tal como as populações das ilhas) acabaram por ter características hereditárias comuns. Ora, por que milagre é que os judeus oriundos da Europa Central, geralmente loiros e de olhos claros (como a própria Ester) hão-de ser descendentes de uma população do Médio Oriente, que naturalmente seria tão morena como os que lá estão? De facto, convém considerarem-se descendentes para justificar o regresso à "Terra prometida", à terra dos antepassados. Nem sequer se pode falar de uma etnia judaica. Estas comunidades da Europa Central são populações convertidas à fé judaica, como outras foram convertidas à fé cristã e que, como comunidades relativamente fechadas, criaram a sua cultura. A Inquisição ibérica e as perseguições no resto da Europa reforçaram o carácter comunitário. Como fenómeno da cultura e resistência chegam para o orgulho duma comunidade, não é necessário inventar fábulas.
Esse regresso à "Terra prometida" pretende justificar a ocupação do território do actual Estado de Israel levada a cabo em 1948, pela mão da Administração dos EUA com a cumplicidade da Grã Bretanha, interessadas em ter uma ponta de lança na região. A minoria de oriundos da fé judaica que estava na região, estava integrada e não havia conflitos religiosos. Os que vieram ocuparam, expulsaram os camponeses das melhores terras, das que eram férteis e tinham água, praticaram terror nas aldeias, ocuparam as casas. Querem fazer-nos acreditar que se estabeleceram no deserto ou na floresta virgem? O acto fundador de Israel pode dizer-se que foi o massacre da aldeia palestiniana de Deir Yassine por aquilo que hoje chamaria os terroristas do Irgun, a 9 e 10 de Abril de 1948. A 14 de Maio proclamaram a fundação do Estado de Israel. Hordas de milhares de palestinianos fugiram para onde puderam. Para o sul do Líbano fugiram 400.000, em campos de refugiados, em aldeias. Organizaram-se como puderam. O Líbano é exemplar na integração de todas as culturas. Mas Israel foi atrás deles. Há 20 anos, bombardeou Beirute, fustigou campos de refugiados, nomeadamente Chabra e Shatila (ataque da responsabilidade do futuro primeiro-ministro Ariel Sharon), usou as milícias cristãs. Hoje volta de novo. Entre outras coisas estão a bombardear as casas que os emigrantes libaneses, tal como os nossos, construíram na terra de origem, com o dinheiro economizado. É uma ilusão pensar que os palestinianos podem esquecer. Deixaram lá campos e casas, os jovens ouvem falar os pais e os avós. A injustiça e a opressão são sempre uma panela de pressão. O ser humano não esquece.
O Hezbollah, goste-se ou não, é um partido organizado, tem deputados eleitos e foi a forma daquela população se organizar. Tem escolas, hospitais, assistência social. Não é uma organização terrorista e como tal não é considerada pela União Europeia.
Todavia o Estado de Israel é uma situação de facto. E já agora, as resoluções da ONU sobre a necessidade de um Estado Palestiniano também não são uma situação de facto? EM diz que estou "em completa sintonia com a contra-informação árabe". O que é que significa a palavra árabe? O Governo do Irão? Não são árabes, são persas islâmicos. Ou quer-se designar os governos corruptos, que estão sentados em cima de petróleo? Ou a população indignada das ruas, que jamais esquecerá? "Contra-informação" é isso?
E já agora, a propósito do "crédulo leitor do Público on-line"que fala das criancinhas judias a "assinarem dedicatórias nos obuses" destinados ao Líbano. O que é que as crianças que vimos na televisão estavam afinal a fazer? O que é que elas estavam a escrever nos obuses? Serão objectos próprios para escrita de crianças sorridentes? Saberão elas o que é que aquilo vai produzir?
É pena que a comunidade judaica que se poderia orgulhar de uma cultura tão importante na Europa, com pensadores determinantes na nossa história - só falando de exemplos nos séculos XIX e XX, Freud, Marx, Einstein, Walter Benjamim, que aliás nunca se puseram debaixo do chapéu-de-chuva judaico - se volte para o mito sionista e se encarregue de fazer o "trabalhinho" da Administração americana na zona. Impedindo que as correntes democráticas e a revolução democrática ocorram naqueles países.
É deselegante que EM meta Goebbels ao barulho para falar daquilo que chama as minhas "mentiras". Mas já agora, de tanto se repetir a mentira de que aquela terra já era dos judeus, pretende-se fazer crer, sobretudo aos mais novos, que assim sempre foi? E de tanto se querer confundir anti-sionista com anti-semita, pretende-se prender as consciências do horror do holocausto e tolhê-las no combate aos senhores da guerra de Israel? Médica

quarta-feira, agosto 16, 2006 12:27:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O homem na sua ganância pelo poder e pelo dinheiro, encapotados com palavras demagógicas e de suposta democracia e justiça, faz guerras com dias e horas marcados para começar e acabar - tal jogo de computador - deixando pelo meio morte e destruição. Os sucessivos governos de Israel - com apoio dos Estados Unidos - têm contribuido para este estado de guerra permanente no Médio Oriente.

quarta-feira, agosto 16, 2006 9:06:00 da tarde  

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